ENERGIA, HAVIA!

Por Paulo Roberto (colaborador) 

Sexta-feira (20) é dia comum em qualquer estação. Não basta ser fevereiro de 2015 em Plácido de Castro. Não se trata, obviamente, de episódio natalino com pisca-piscas coloridos. São os apagões constantes da cidade matéria farta para o consumidor aflito que, moderada e passivamente convive com a situação. Umas vinte vezes diárias, sem exagero, é o saldo das interrupções do fornecimento, e mais caro é o preço moral e material que amarga o consumidor.  
Não é de hoje que a qualidade do fornecimento de energia elétrica é pífia, péssima e sem explicação como as antigas resistências de ferro de passar ou dos fogareiros de uma panela só. A sensação é praticamente a mesma que se acomodar numa capsula temporal de volta ao passado. Aliás, no passado, aqui, sabia-se do início do fornecimento da energia até o fim, quando os geradores eram desligados pelos funcionários da antiga usina. Faça chuva, chuvisco, vento, ventania ou sol, as bruscas quedas incorporam-se à própria cultura e reduzem a vida diante de tanta agonia, porém não reduzem os valores da cobrança mensal.    
Padeiro ou açougueiro que se preze para preparar a matéria que alimenta nossa gente dispõe de grupo gerador para impulsionar as atividades que não podem estancar quando as luzes se apagam. Enquanto isso, em casa, a coisa é diferente. Para se comer pão ou carne não se carece de micro-ondas para aquecer ou geladeiras modernas. Aliás, estão sempre com problemas de funcionamento. Poucos conseguem pagar as contas de final do mês e a posse daquele eletrodoméstico que se honra em eternas prestações aguarda vistoria da empresa responsável que reluta indenizar.
Ciclistas e maratonistas da saúde e lida diária disputam pedaços de asfalto sem buraco com animais característicos dos chavascais, perigosos, famintos e peçonhentos. Uma picada pode ser o fim; uma queda, fratura exposta, e a saúde encontra na doença aquilo que se odeia e não se aceita. O inverno é sempre bravo.  
 O poder público é uma máquina que não pode emperrar, e soberba é a verificação de suas ações. Da mesma forma, quanto às execuções dos representantes do povo no Legislativo, bem ainda a iniciativa popular provocada ao Judiciário visando às providências do descaso que é a eterna história dos apagões no município.
A verdade é que como piscar de olhos a energia elétrica vai e vem, assim como legislaturas, mandatos e ações governamentais. O que absolutamente reina é a certeza que aqueles que não fazem o dever de casa acabam tendo a chance de um recomeço, e com suas cartas de manga arremessam-nas num asfalto frio. Plácido de Castro pode estar insatisfeito e cansado, e não obstante não eleja seus representantes na assembleia legislativa por não esbanjar votos nada justifica tamanho desprezo de uma política mesquinha.
Assim como a energia elétrica, outros fardos sobrecarregam o couro quente de um povo que sofre numa fronteira insinuante e indiferente.    

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