SOBRE A GREVE DOS PROFESSORES


Ser professor no Brasil não é algo fácil.

Os profissionais lidam com salas de aulas superlotadas, falta de valorização profissional, ambientes insalubres, violência.

No Acre, a situação, por assim dizer, é um pouco mais cômoda, sobretudo nas escolas da rede estadual de ensino. Contudo, essa comodidade não quer dizer que seja algo bom, muito pelo contrário.

A demanda aumenta a cada ano, faltam profissionais no mercado em algumas áreas, as salas têm cada vez mais alunos.

Para piorar, os pais dos estudantes, muitas vezes omissos, possuem a falsa crença de que a escola tem o dever de educar seus filhos. Jogam as crianças nas mãos dos professores e esperam que estes lhes ensinem, além do letramento, como se portar em comunidade, valores morais e éticos.

A escola está voltada para o ensino da matemática, história, português, etc., ou seja, auxiliar a desenvolver o pensamento crítico no cidadão, e não para educá-lo. Essa função não pode ser-lhe jogada nas costas. A formação do ser humano vai muito além dos bancos acadêmicos. Está no seio familiar, na igreja, na comunidade.

Pois bem.

Não bastasse isso, agora vemos uma situação muito constrangedora. O governo simplesmente virou as costas para o movimento grevista. Aliás, virou as costas em público, pois nos bastidores as retaliações estão vindo.

A realidade é que a greve está sendo minada pelo medo.

E aí reside o trunfo do Tião. Segundo dados do censo de 2012, mais da metade dos professores da rede pública estadual é composta pelos temporários. Aí teu vos pergunto: qual temporário terá coragem de bater de frente com o Governo.

Eu não seria louco. Apesar de ser um contrato com prazo determinado, é daí onde diversos profissionais tiram o sustento de suas famílias. Vão por em risco o ganha pão?

A contratação dos temporários, que era para ser uma exceção, virou regra. Muito mais fácil controlar os ânimos dessa forma.

Se a greve durar mais, Tião terá outra carta na manga: a opinião pública. Acredito que a maioria da população é a favor do movimento, todavia, persistindo por muito tempo, causará prejuízos aos estudantes. Aí, meu amigo, você já deve saber o que acontecerá. Pais revoltados e ensandecidos. E com razão, mas não cobrarão o governo, e sim os professores. Sempre a culpa é da escola mesmo.

Triste perspectiva. Triste constatação. Triste realidade. É assim que vive a triste educação.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FACULDADE EM PUERTO EVO MORALES

ACRELÂNDIA: O EXEMPLO DE COMO NÃO ADMINISTRAR

PALÁCIO RIO BRANCO